Mesmo diante da indignação generalizada com o descaso da direção da Cetesb e do Governo do Estado, os trabalhadores da empresa, reunidos em assembleia na tarde desta quarta-feira, dia 16, aprovaram a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A decisão, no entanto, foi tomada sob protesto e com profundo sentimento de revolta diante da ausência de diálogo, do desprezo com as cláusulas sociais e do abandono por parte da própria diretoria responsável pela negociação.
A proposta aprovada, conforme documento oficial assinado pelo Secretário de Gestão e Governo Digital, Caio Mario Paes de Andrade, limita-se a um reajuste de 5,01%, com base no índice da inflação verificado pelo IPC-FIPE (de maio de 2024 a abril deste ano), aplicado aos salários e a alguns benefícios econômicos:
Piso Salarial: de R$ 2.113,96 para R$ 2.219,87
Vale Alimentação: de R$ 360,36 para R$ 378,41
Vale Refeição: de R$ 44,72 para R$ 46,96 por 22 dias úteis
Auxílio Creche: de R$ 634,19 para R$ 665,96
Auxílio a Pessoa com Deficiência: de R$ 1.268,38 para R$ 1.331,93
Auxílio Funeral: de R$ 5.961,54 para R$ 6.260,21
Gratificação de Férias: de R$ 2.042,49 para R$ 2.144,82
Nenhuma das reivindicações sociais apresentadas pela categoria foi sequer discutida pelo Governo e pela Cetesb. A proposta ainda nega. de forma explícita. a retomada da Cesta de Natal, que já foi um direito dos trabalhadores.
Trabalhadores da Baixada Santista e Vale do Ribeira se sentiram isolados e fragilizados
Um sentimento de grande frustração também tomou conta dos trabalhadores da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, que se viram em posição de fragilidade por serem minoria no processo de votação. O encaminhamento feito pelo sindicato majoritário da capital, orientando pela aceitação da proposta, deixou os trabalhadores dessas regiões sem alternativa real de enfrentamento coletivo, pois sabiam que ficariam sozinhos caso, fosse deflagrada greve. Mais uma vez, a força do conjunto foi desconsiderada em detrimento de uma decisão centralizada e isolada.
Diretoria responsável pelo ACT abandona os trabalhadores
A revolta da categoria também é dirigida à diretoria da Cetesb, que deixou os trabalhadores abandonados. A direção da empresa, que deveria representar os interesses e garantir um ambiente de respeito, foi omissa e permitiu que o processo fosse conduzido com total desprezo às reivindicações legítimas da categoria.
A condução do ACT, em 2025, é um retrato do que se tornou o serviço público sob o atual governo: desumanização, desvalorização e imposição unilateral de condições, desconsiderando completamente o papel fundamental que esses profissionais cumprem diariamente para manter a saúde ambiental e a qualidade de vida em São Paulo.
A luta continua: indignação é combustível para a resistência
Mesmo com a aprovação da proposta, feita sob protesto, os trabalhadores reafirmaram em assembleia que seguirão na luta por seus direitos. O aceite não significa conformismo, mas uma estratégia momentânea diante do abandono institucional e da falta de solidariedade da maioria.
A categoria deixa claro: a luta não termina aqui. Ela será fortalecida. O respeito precisa ser reconquistado e o Estado precisa entender que desrespeitar o trabalhador é desrespeitar a população.