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TCE-PR suspende privatização da Celepar e expõe riscos já vividos em São Paulo com a venda da Sabesp

O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) suspendeu, na última quinta-feira, dia 11, o processo de privatização da Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná), estatal responsável por armazenar dados estratégicos do governo e da população. A decisão tem efeito imediato.
Em parecer técnico, a Corte identificou fragilidades que poderiam expor o Estado a riscos financeiros e comprometer a continuidade das políticas públicas atribuídas à empresa.
O órgão destacou, ainda, que a privatização poderia trazer custos adicionais elevados, como reestruturação de secretarias, contratação de pessoal especializado, compra de equipamentos e adequações à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Segundo o TCE-PR, tais despesas consumiriam rapidamente o valor arrecadado com a venda, deixando ao Estado apenas prejuízos.
Fundada como a primeira empresa pública de tecnologia da informação do Brasil, a Celepar conta atualmente com 1.000 funcionários e opera 35 aplicativos em funcionamento, sendo considerada estratégica para a gestão pública paranaense.

Alerta do Sintius
A decisão do TCE-PR reacende um debate que os trabalhadores da Sabesp e o Sindicato dos Urbanitários (Sintius) conhecem de perto. Em São Paulo, a privatização da companhia de saneamento resultou em redução expressiva no número de empregados e em problemas constantes no abastecimento de água em várias cidades, inclusive na Baixada Santista.
A experiência paulista demonstra que o discurso de eficiência e economia, na prática, resulta em perda de qualidade nos serviços, insegurança para os trabalhadores e aumento da vulnerabilidade para a sociedade.
Desde o início, o Sintius se posicionou de forma contrária à venda da empresa, alertando tanto a população quanto a classe política regional sobre os riscos da privatização de uma empresa essencial.
Os avisos, no entanto, foram ignorados. Hoje, quem paga a conta é a população, com serviços precarizados e instabilidade no fornecimento de água.