Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas de Santos, Baixada Santista, Litoral Sul e Vale do Ribeira (Sintius) vem a público manifestar profunda preocupação com as declarações do presidente da Sabesp, Carlos Piani, durante o evento Macro Vision do Itaú BBA, realizado no 29 de agosto). Na ocasião, o executivo afirmou que a nova gestão pretende “fazer em 5 anos o que a Sabesp fez em 50”.
Embora revestida de otimismo, a fala revela uma visão distorcida da realidade da companhia e das condições de trabalho impostas aos empregados após o processo de privatização. Ao longo de cinco décadas, a Sabesp construiu uma história de excelência técnica e compromisso público, tornando-se referência internacional em saneamento — uma conquista fruto da dedicação de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. Reduzir essa trajetória a uma corrida de curto prazo, guiada por metas de mercado, é desrespeitar a própria essência da companhia.
O presidente anuncia R$ 70 bilhões em investimentos até 2029 e a promessa de gerar “3 a 4 milhões de empregos”. No entanto, não há transparência sobre as fontes desses recursos, as condições tarifárias para a população, nem as garantias de equilíbrio econômico-financeiro da empresa.
Na prática, o que se observa é o oposto: redução de quadros próprios, ampliação das terceirizações, desmonte das áreas técnicas e perda da memória institucional que sustentou o bom desempenho da Sabesp.
A realidade atual demonstra graves dificuldades de integração operacional, queda na qualidade dos serviços, e um enfraquecimento do diálogo com os empregados e suas entidades representativas. A política de enxugamento e terceirização ameaça o corpo técnico altamente qualificado da empresa e coloca em risco a continuidade dos serviços essenciais.
No campo ambiental, o discurso de metas grandiosas, como a “revitalização do rio Tietê”, não se sustenta sem o planejamento público e de longo prazo, o mesmo modelo que garantiu os avanços nas gestões anteriores. Prometer eficiência sem reforçar a base técnica é transformar o saneamento em mera retórica de mercado.
O Sintius reafirma que a Sabesp não precisa repetir 50 anos em 5, mas sim recuperar o equilíbrio, a transparência, o respeito aos trabalhadores e o compromisso com a população. O saneamento básico é um direito social e não pode ser tratado como produto financeiro. A pressa do capital não pode comprometer o direito à água e à dignidade das pessoas.
A Diretoria do Sindicato continuará fiscalizando, denunciando e mobilizando os companheiros e a sociedade para defender a Sabesp pública, eficiente e socialmente responsável — patrimônio do povo paulista e símbolo de um serviço essencial.
Diretoria do Sintius – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas de Santos, Baixada Santista, Litoral Sul e Vale do Ribeira
Santos, 6 de outubro de 2025