O Sindicato dos Urbanitários (Sintius) está cobrando providências da Sabesp diante da situação de calamidade e insegurança vivida pelos trabalhadores no Booster São Vicente, unidade da companhia localizada na Avenida Capitão Luiz Horneaux, no bairro Jardim Guassu, em São Vicente.
A estação é estratégica, pois abriga bombas responsáveis por aumentar a pressão da água e garantir o fornecimento regular a áreas mais elevadas ou distantes da rede, como algumas regiões de Praia Grande. No entanto, o que se vê hoje é um cenário de completo abandono.
O entorno da unidade está tomado por lixo, fezes de animais e ratos. A situação é agravada pela presença de uma cracolândia nas imediações, onde usuários de drogas jogam restos de comida e marmitas no local, atraindo ainda mais roedores. Os animais invadem a estação, defecam no ambiente e roem cabos. Parte do lixo também vem de um canal ao lado, que nunca passa por limpeza.
Apesar do risco evidente à saúde dos trabalhadores e à qualidade da água distribuída, a Sabesp não realiza qualquer tipo de higienização no local, nem mesmo por meio de empresas terceirizadas, alegando falta de verba. “Trata-se de uma estação de abastecimento. Além de colocar em risco a saúde dos trabalhadores, há chance real de contaminação da água que chega à população”, alertou o presidente do Sintius, Tanivaldo Monteiro Dantas.
Falta de pessoal e gestão irresponsável
Além do abandono estrutural, há uma grave carência de profissionais. A equipe responsável pela manutenção de estações de esgoto, água, boosters e reservatórios conta hoje com um quadro insuficiente de trabalhadores para atender à Baixada Santista e Vale do Ribeira.
Para o Sindicato, o problema é consequência direta de uma gestão baseada na chamada “economia burra”: corta-se o essencial, como segurança patrimonial, manutenção preventiva e contratação de pessoal, gerando um custo adicional para a empresa em razão prejuízos causados com retrabalhos, furtos de equipamentos e multas aplicadas por órgãos como a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) e prefeituras.
Retrato da privatização
O Sintius vê na situação do Booster São Vicente mais um reflexo do processo de privatização da Sabesp. A empresa firmou contratos milionários com empreiteiras que, segundo o sindicato, não entregam o que prometem: deixam painéis elétricos sem restaurar, instalam bombas de forma improvisada e atuam com mão de obra mal treinada e sem suporte técnico.
“Esses contratos são caros e ineficazes. Quem paga essa conta são os trabalhadores, que ficam sobrecarregados, e a população, que corre o risco de ficar sem água ou consumir água de qualidade duvidosa”, afirmou o dirigente sindical.
Diante do quadro, o Sindicato exige uma ação imediata das autoridades sanitárias e dos órgãos de fiscalização, além de uma mudança urgente na postura da gestão da empresa, que demonstra mais preocupação com os lucros dos acionistas do que com a segurança operacional e a saúde de seus próprios trabalhadores.
“A perversidade está em permitir que o abandono vire rotina. Não estamos pedindo milagres. Queremos apenas condições mínimas de trabalho e respeito à vida”, ressaltou Tanivaldo.
Calamidade em unidade da Sabesp de São Vicente escancara abandono e risco à saúde pública

22
jul
2025