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Audiência pública na Alesp gera questionamentos sobre a gestão da Sabesp pós-privatização

Apesar das promessas de avanço no saneamento básico após a privatização da Sabesp, a realidade vivida por moradores da Baixada Santista e trabalhadores da empresa na região tem sido marcada por transtornos, insegurança e falta de respostas. Esse foi o tom dominante na audiência pública promovida pela deputada estadual Solange Freitas (União), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na última quinta-feira, dia 12.
Essa reunião, a primeira da Frente Parlamentar de Acompanhamento e Fiscalização da companhia pós-privatização, escancarou os descompassos entre o discurso institucional e a execução prática das obras que, embora grandiosas, vêm sendo conduzidas de forma caótica em diversos municípios da região.
Entre as principais críticas, destacam-se as falhas na comunicação com as prefeituras, a ausência de cronogramas transparentes e a má sinalização de obras, que já causaram até acidentes com veículos. O prefeito de Itanhaém, Tiago Cervantes (Republicanos), citou a gravidade da situação em sua cidade, onde há bairros inteiros abertos por conta das obras da Sabesp.
Segundo ele, além da falta de diálogo com a empresa, a má sinalização já resultou em acidentes com veículos. “Tivemos dois casos recentes de que carros caíram nesses buracos”, relatou. Ele cobrou uma participação mais próxima da Sabesp com o município, especialmente na comunicação com a população, para evitar que a Administração Municipal seja responsabilizada por problemas que fogem do seu controle.
Outro problema recorrente é a falta d’água durante a noite, especialmente em bairros de São Vicente. Moradores da Vila Valença e Esplanada dos Barreiros relataram que o fornecimento é interrompido por volta das 22 horas e só retorna pela manhã. “É um verdadeiro absurdo. Se falta água em um bairro nobre, imagine nas periferias”, criticou o secretário de Cultura de Cubatão, Omar Bermedo, que tem familiares afetados pelo problema.
A insegurança nas unidades da Sabesp também foi pauta. Um dos questionamentos teve como base a reportagem de capa da edição deste mês do Jornal Urbanitário, que denunciou a ocorrência de invasões criminosas em estações de tratamento na região. A empresa reconheceu os episódios e afirmou estar elaborando um plano de segurança com apoio da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Também houve uma cobrança em relação à necessidade de ampliar o quadro de funcionários, já que mais de 2 mil trabalhadores serão desligados até o final deste ano por terem ingressado no Programa de Demissão Voluntária (PDV).
Apesar das promessas de investimentos bilionários e metas ambiciosas — como a universalização dos serviços até 2029 —, a sensação deixada pela audiência foi de descrença e frustração. A população cobra resultados concretos e melhorias visíveis, enquanto o poder público local exige ser ouvido e respeitado.