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Relatório da Polícia Federal revela espionagem de sindicalistas contrários à privatização da Eletrobras

Um relatório da Polícia Federal (PF) divulgado na última semana joga luz sobre as operações da chamada “Abin paralela”, estrutura clandestina que teria atuado durante o governo Jair Bolsonaro (PL). A investigação aponta que servidores e sindicalistas da Eletrobras que se opunham à privatização da estatal foram alvo de espionagem, conforme noticiado primeiramente pela Folha de S.Paulo.
A PF indica que essa estrutura ilegal era coordenada por Alexandre Ramagem (PL-RJ), que, na época, era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e hoje é deputado federal. A espionagem teria sido solicitada diretamente pelo ex-presidente, conforme evidenciado em mensagens interceptadas pela PF.
Um trecho do relatório detalha a solicitação: “O 01 (Ramagem) foi instado pelo 01 geral (Bolsonaro) a resolver uma questão em Furnas, pois há servidores que estão remando contra ações governamentais, em função de posicionamentos, políticos e ideológicos”.
Entre os alvos dessa operação clandestina estavam os diretores Edvaldo Risso (Eletronuclear) e Pedro Brito (Furnas), além dos sindicalistas Felipe Araújo (diretor do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro e membro do Coletivo Nacional dos Eletricitários – CNE), Victor Costa (diretor da Associação dos Empregados de Furnas e diretor de comunicação do Sindicato dos Eletricitários do Rio de Janeiro) e os servidores Leonardo Pessoa e Caio Brasil Neto, todos ligados a Furnas.
Os nomes desses indivíduos foram incluídos em relatórios internos da agência paralela, onde eram pejorativamente classificados como opositores à política de privatização. A PF destaca que um dos trechos desses relatórios se referia aos servidores como “mais vermelhos que sangue”.
A revelação reforça as preocupações sobre o uso de órgãos de Estado para fins políticos e a perseguição de servidores por suas posições ideológicas, especialmente em temas sensíveis como a privatização de estatais.