Em resposta à publicação do Sr. Carlos Piani, destacamos que a apresentação de dados sobre o desempenho da Sabesp, após um ano da privatização, carece de elementos fundamentais para uma análise equilibrada e transparente.
📊 Resultados sem contexto
Os números apresentados — como os 874 km de novas redes, a meta superada de acesso à água tratada e os percentuais de esgoto coletado e tratado — merecem ser analisados com cautela. Sem detalhamento técnico, auditoria independente e segmentação territorial, não é possível afirmar que esses avanços resultam exclusivamente do “novo modelo de gestão” implantado após a privatização.
Além disso, a ausência de informações sobre o aumento das tarifas, os custos operacionais, e o impacto nas áreas periféricas e de menor retorno econômico, revela uma visão parcial e mercadológica do serviço público de saneamento.
👷♂️ Realidade dos trabalhadores
A nova gestão tem promovido uma política de cortes, terceirizações apressadas e mudanças operacionais sem planejamento técnico adequado. Isso tem gerado desorganização, sobrecarga das equipes, e inclusive relatos de hostilidade contra trabalhadores nas ruas, devido a falhas nos serviços decorrentes de decisões centralizadas e desconectadas da realidade operacional.
É preciso lembrar: saneamento básico é um direito social e constitucional, e não um produto regido apenas por metas numéricas. A eficiência administrativa não pode ser alcançada às custas da precarização das condições de trabalho e do afastamento dos municípios e da população das decisões estratégicas.
🌍 O papel do Estado e o risco da financeirização
Ao não problematizar os efeitos da privatização sobre a governança pública da água e do esgoto, a publicação reforça a tendência de financeirização de ativos essenciais, onde a lógica do lucro pode sobrepor-se à do acesso universal e igualitário.
Se é verdade que temos metas ambiciosas para 2029, também é verdade que elas não podem ser entregues sem controle social, investimento público continuado e valorização dos servidores públicos que, historicamente, sustentaram a qualidade técnica da Sabesp.